terça-feira, 24 de novembro de 2009

CANDOMBÁ

Entre as pedrera qui incerra
Nos seus veio a turmalina,
Nas Lavra diamantina,
Naqueles confins da terra,
Nas brecha sêca da serra
Qui o só veve a quemá,
Naquelas banda de lá
Do mau fadado sertão,
Onde o ano todo é verão,
É qui nasce o candombá.

No sertão sem lei, sem nada,
Onde toda prantação
E tombem a criação
Morreu tudo isturricada,
Na terra sêca, quemada,
É qui nace o candombá
Qui serve pra se quemá
E acendê os fugão,
Candombá é no sertão
O gás do povo de lá.

Sertão qui quando hai fartura
Num hai terra mais mio,
Fruita é pra se inche mocó,
Requejão e rapadura,
Os home num tem usura
E as muié é uns amo;
Hai sempre bons cantado
Qui Cuma uma queda d’água,
Vão chorano suas máguas
E cantano suas dô.

Mas se hai seca, farta tudo,
Derna do pão a justiça
Num tem doto nem puliça,
Nem instrução nem istudo,
Os guverno sempre mudo,
Num se tem pronde apelá
O povo bom a pená
De mulambo é qui se cobre
E a vida sêca do pobre
É Cuma a do camdombá.

E a sêca firme demora
Cum toda a sua mardade
E entonce a felicidade
Diz adeus e vai-se embora
A fome diz “tá na hora”
E os home de pusição
Qui nos tempo de inleição
Abraça o povo se rino
Vão tudo se assumino
Sem alma, sem coração.

Candombá, dá providença.
Faz o teu fogo queimá,
Ou pulo menos isquentá
Dos guverno a indiferença
Queima os papé das pendença
Dos vidraçados salão,
Reduz à cinza os ladrão
E mostra no teu luzi
Qui nos mapa do Brasi
Tombém ixeste o sertão.

Um comentário:

  1. Meu Serão.

    Tenho alma sertaneja
    Mais não nasci nesse torrão
    Não andei com os pés no chão
    Não sou vítima da seca
    Não senti o cheiro da terra molhada
    Não corri atrás de gado
    Não ouvi o cantar do galo
    Nem o acasalar da passarada.

    Tenho alma sertaneja
    Apesar de ter nascido na praia
    Não posso deixar de amar esse sertão
    Esse povo sofrido, mais decente.
    Foi meio dessa gente
    Que aprendi a amar...
    É lá que está meu coração.
    Aonde Nasce o Canbombá.

    Tai Tine pra você, um poemazinho feito a queima roupa, para te agradecer pelo seu carinho. E tentar de alguma forma expressar o quanto amo esse magnificente poema Candombá.
    Bjus meu Anjo!

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